INTRODUÇÃO

Tudo iniciou com a I e II Guerras Mundiais em que as mulheres tiveram que assumir a posição dos homens no mercado de trabalho. Com a consolidação do sistema capitalista no século XIX, algumas leis passaram a beneficiar as mulheres. Mesmo com estas conquistas, algumas explorações continuaram a existir. Esta pesquisa mostra que através da evolução dos tempos, as mulheres conquistaram seu espaço. Ao analisar o comportamento da força de trabalho feminina no Brasil no último quarto de século, o que chama a atenção é o vigor e a persistência na conquista do seu espaço.

Com um acréscimo de 25 milhões de trabalhadoras entre 1976 e 2002, as mulheres vêm desempenhando um papel muito mais relevante do que os homens no crescimento da população economicamente ativa. Elas estão se especializando, através de estudos e qualificação profissional, promovendo assim, um melhor planejamento familiar e conquistando maior respeito e admiração, pois estão cada vez mais conquistando uma posição atuante, dentro e fora de casa.

Consideradas ainda, peças fundamentais na administração do lar, as mulheres acumulam funções, tornando-se essenciais tanto no âmbito familiar como para o mercado de trabalho. Mas, mesmo com as evoluções e conquistas da mulher no mercado de trabalho, ela ainda não está numa condição de vantagem em relação aos homens, pois continua existindo muito preconceito e discriminação, principalmente em relação à desigualdade salarial entre homens e mulheres.

Buscando atender os objetivos propostos neste trabalho, sua estrutura está definida da seguinte forma: o primeiro capítulo aborda o histórico da conquista da mulher no mercado de trabalho, o segundo, o trabalho da mulher no Brasil, o terceiro, exemplos de mulheres bem-sucedidas, o quarto, a mulher no mercado de trabalho atual e por fim a conclusão, que busca reunir as principais constatações sobre a conquista da mulher no mercado de trabalho.

1 HISTÓRICO

A conquista da mulher por um espaço no mercado de trabalho, começou no início do século XIX, quando a sociedade acreditava que o homem era o único provedor das necessidades da família, tendo a mulher a função de mantenedora do lar e educadora dos filhos. Conforme Luca (2001), as mulheres quando ficavam viúvas ou pertenciam a uma classe mais pobre tinham que sustentar seus filhos com atividades que lhes dessem um retorno financeiro. Dentre as principais atividades realizadas, destacam-se: a fabricação de doces por encomendas, o arranjo de flores, os bordados e as aulas de piano. Além de serem pouco valorizadas essas atividades eram mal vistas pela sociedade, o que dificultava a conquista das mulheres por um espaço no mercado de trabalho. Mesmo assim, algumas conseguiram transpor as barreiras do papel de ser apenas esposa, mãe e dona do lar.

Embora a constituição Federal relata sobre a "...proibição de diferenças de salários, de exercício de funções e critérios de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou estado civil",(Constituição Federal, artigo 7 –xxx), na prática existem alguns questionamentos em relação ao cumprimento da lei. Desde o século XVII, quando o movimento feminista começou a adquirir características de ação política, as mulheres vêm tentando colocar em prática essa lei.

A conquista da mulher por um espaço no mercado de trabalho começou de fato com a I e II Guerras Mundiais (1914-1918 e 1939-1945, respectivamente), quando os homens foram para as frentes de batalha e as mulheres passaram a assumir os negócios da família e a posição dos homens no mercado de trabalho. Mas a guerra acabou, e com ela a vida de muitos homens que lutaram pelo país. Alguns dos que sobreviveram ao conflito foram mutilados e impossibilitados de voltar ao trabalho. Foi nesse momento que as mulheres sentiram-se na obrigação de deixar a casa e os filhos para levar adiante os projetos e o trabalho que eram realizados pelos seus maridos (ARAÚJO, 2004).

No século XIX a consolidação do sistema capitalista proporcionou inúmeras mudanças no processo produtivo das empresas e na organização do trabalho feminino. Com o desenvolvimento tecnológico e o intenso crescimento industrial, boa parte da mão-de-obra feminina foi transferida para as fábricas. Desde então, algumas leis passaram a beneficiar as mulheres. Ficou estabelecido na Constituição de 32 que "sem distinção de sexo, a todo trabalho de igual valor correspondente ao salário igual; veda-se o trabalho feminino das 22 horas às 5 da manhã; é proibido o trabalho da mulher grávida durante o período de quatro semanas antes do parto e quatro semanas depois; é proibido despedir a mulher grávida pelo simples fato de gravidez" (ARAÚJO, 2004).

Mesmo com essas conquistas, o autor ainda relata que algumas formas de exploração perduraram durante muito tempo. Como, por exemplo, jornadas de trabalho entre 14 e 18 horas e diferenças salariais acentuadas. A justificativa para esses acontecimentos está centrada no fato da sociedade acreditar que o homem representa o papel de chefe de família e tem o dever de trabalhar para o sustento da casa, não havendo necessidade da mulher buscar fora de casa uma renda para ajudar nas despesas domiciliar. Mas, essa visão de estrutura familiar, vem sendo reconstruída com a necessidade da mulher atuar no mercado de trabalho, onde ela descobriu que além dos afazeres domésticos, é capaz de conquistar um espaço no mercado de trabalho.

2 O TRABALHO DA MULHER NO BRASIL

A questão cultural de cada país faz com que as mulheres tenham uma atuação mais ativa em países culturalmente mais desenvolvidos do que nos países que têm uma cultura mais rígida, na qual a mulher é vista, ainda, como espécie inferior aos homens.

No Brasil, devido a luta pelo desenvolvimento social, cultural e político, ao longo dos anos, as mulheres vêm conquistando o seu espaço no mercado de trabalho. Embora de forma lenta, esta conquista tem sido significativa, conforme observa-se através dos dados da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio – PNAD (2005): no ano de 1973, apenas 30,9% da População Economicamente Ativa (PEA) do Brasil era do sexo feminino, em 1999, elas já representavam 41,4% do total da força de trabalho, aproximadamente 33 milhões de mulheres. Quatro anos depois, mais 62 mil mulheres ingressaram pela primeira vez no mercado, aumentando a participação em 1,1%.
Na pesquisa, "Perfil das Mulheres Responsáveis pelos Domicílios no Brasil", desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (1995), ao longo de 20 anos, houve um acréscimo na participação das mulheres no mercado de trabalho. A mulher deixou de ser apenas uma parte da família para se tornar a comandante, o que foi ocasionando o seu ingresso no mercado de trabalho.
Para as mulheres a década de 1990 foi marcada pelo fortalecimento de sua participação no mercado de trabalho e o aumento da sua responsabilidade no comando das famílias. A mulher, que representa a maior parcela da população, viu aumentar nesta época, o seu poder aquisitivo, o nível de escolaridade e conseguiu reduzir a diferença salarial em relação aos homens. Dentre os resultados dos estudos realizados pelo IBGE (2005) sobre as dificuldades enfrentadas pelas brasileiras, cabe destacar os seguintes aspectos: A renda média das trabalhadoras passou de R$ 281,00 para R$ 410,00. As famílias comandadas por mulheres passaram de 18% para 25%. A média de escolaridade das mulheres, que são "chefes de família", aumentou, em um ano, de 4,4 para 5,6 anos de estudos. A média salarial passou de R$ 365 para R$ 591, em 2000.

Uma dificuldade apontada nesse estudo é a taxa de fecundidade, que teve início na década de 60, e que atualmente, define a média de 2,3 filhos para cada mulher, o que há 40 anos estava na média de 6,3 filhos. A redução da fecundidade ocorreu com mais intensidade nas décadas de 70 e 80. Nos anos 90 a taxa baixou de 2,6% para 2,3%. Acredita-se, assim, que com menos filhos as mulheres possam conciliar melhor o papel de mãe e trabalhadora, desenvolvendo melhor as novas funções que o mercado de trabalho lhes oferece.

A história da mulher no mercado de trabalho, no Brasil, está fundamentada em dois aspectos: a queda da taxa de fecundidade e o aumento do nível de instrução. Estes fatores vêm ocasionando a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho e a elevação de sua renda. Para Guerra (2004), a velocidade com que isto se dá não é o mais relevante, o que importa é a conquista por segmentos que não empregavam mulheres, como, por exemplo, nas Forças Armadas, em que elas estão ingressando como oficiais, cargos antes conferidos apenas ao sexo masculino.

Para consolidar sua posição no mercado de trabalho a mulher tem, cada vez mais, adiado seus projetos pessoais, como a maternidade. Observa-se assim, que a redução do número de filhos é um dos fatores que tem contribuído para facilitar a presença da mulher no mercado de trabalho.

3 EXEMPLOS DE MULHERES BEM-SUCEDIDAS

Dentre as mulheres que fizeram história no mundo, cabe destacar suas conquistas ao longo dos últimos anos:

·Coco Chanel: cresceu em um orfanato, quando atingiu a maior idade buscou conquistar novos espaços de trabalho, uma mulher muito a frente de seu tempo, revolucionou o mundo da moda. Ficou conhecida em todo o mundo por sua audácia em transformar o estilo das mulheres de seu tempo:
·Diana Spencer: Lady Diana Francês Spencer, casada com o Príncipe Charles, destacou-se mundialmente pelo seu trabalho humanitário, sua simpatia e simplicidade;
·Joana D´Arc: uma mulher de muita fibra, guerreira, exemplo de lealdade para com seupaís, foi acusada de feitiçaria, capturada pelos ingleses e queimada numa fogueira. Depois de sua morte, o Vaticano reconheceu seus contatos com os espíritos divinos e acabou por canonizá-la;
·Indira Gandhi: uma grande líder política da Índia, nos anos de 1950 ocupou o mais alto cargo político na mais populosa democracia do planeta. Indira serviu de inspiração para muitas outras mulheres em países de Terceiro Mundo e deu início ao movimento pela participação da mulher na política;
·Madre Teresa de Calcutá: Uma missionária que se destacou na forma inconfundível de se dedicar aos necessitados e distribuir amor e compaixão aos sofredores. Essa dedicação a colocou entre as mulheres mais conhecidas e admiradas da segunda metade do século XX. Em 1979, ela recebeu o Prêmio Nobel da Paz, em reconhecimento a sua vida de dedicação as pessoas.

No Brasil também existem várias mulheres que se destacaram no decorrer da história, entre elas estão:

·Nísia Floresta Brasileira Augusta: Pioneira do feminismo no Brasil, publicou artigos que abordava a condição feminina e defendia sua emancipação, escreveu muitos livros defendendo os direitos das mulheres;
·Rita Lobato Velho Lopes: Foi a primeira médica formada no Brasil, decidiu estudar medicina três anos depois que um decreto imperial permitiu o acesso das mulheres aos cursos superiores;
·Francisca Senhorinha da Motta Diniz: Educadora, sua mais importante contribuição para a luta das mulheres foi à criação do Semanário "O sexo feminino", que trazia informações e tratava de temas polêmicos. Entre as idéias que esta educadora defendia cabe destacar a seguinte: "Queremos a instrução pura para conhecermos nossos direitos, e deles usarmos em ocasião oportuna. Queremos, enfim, saber o que fazemos, o porquê e pelo que das coisas. Só o que não queremos é continuar a viver enganadas"; (BRAUM,2005).
·Isabel de Sousa Matos: Cirurgiã-dentista, requereu, em 1885, seu alistamento eleitoral, sendo a primeira mulher a requerer seu direito de alistamento eleitoral, que lhe foi negado;
·Josefina Álvares de Azevedo: Jornalista, fundou o jornal "A Família", que alcançou muitos leitores e contou com a colaboração de importantes ativistas do movimento feminista da época, que lutavam, sobretudo, pela extensão do direito de voto às mulheres.

4 A MULHER NO MERCADO DE TRABALHO ATUAL

A sociedade, atualmente, apresenta várias oportunidades de crescimento profissional, as quais estão sendo disputadas por profissionais cada vez mais qualificados. Para se destacar é preciso ser cada vez melhor nas atividades que lhe são atribuídas. É preciso conhecer todos os aspectos relacionados com o ramo da empresa que se trabalha, para poder aplicar os conhecimentos em benefício da empresa, podendo gerar assim resultado positivos.

Conforme Shinyashiki (2006), o que faz a diferença nas organizações é o ser humano, pois as oportunidades de aperfeiçoamento e a moderna tecnologia já estão disponíveis e acessíveis a todos. Através das qualidades pessoais torna-se possível conseguir melhores resultados frente ao concorrido mercado de trabalho. Então, cabe ao profissional desenvolver e aprimorar suas habilidades de forma que desenvolvam-se suas qualidades pessoais, podendo assim conquistar novas oportunidades de trabalho.

Para que isto ocorra, este autor descreve algumas características que devem estar presentes no ser humano, como: afetividade, sensibilidade, percepção aguçada, versatilidade, entre outras. Até a pouco tempo atrás estas características eram consideradas fraquezas, mas no contexto atual passaram a ser consideradas como a essência necessária para o alcance dos objetivos das organizações. Observa-se que os homens buscam não demonstrar estas características para não parecerem frágeis, enquanto que as mulheres sempre cultivaram isso como um dom, desenvolvendo-as em cada situação em que elas atuam.

Este conjunto de fatores ou este perfil apresentado pelas mulheres vem sendo um diferencial quando atuam no mercado de trabalho, tornando o lugar que trabalham mais harmonioso e desenvolvendo suas funções com um melhor desempenho, já que estas características fazem com que elas tratem os assuntos de forma mais organizada e detalhada.

Com estas características as mulheres estão conseguindo, cada vez mais, conciliar os trabalhos da vida pessoal com a profissional. O que antes era considerado um obstáculo, atualmente é considerado como um grande desafio. Sua participação no mundo dos negócios e a própria independência financeira vêm mudando a forma como os produtos e serviços são desenvolvidos e comercializados.

A mulher, de acordo com Shinyaschiki (2006), está cada vez mais assumindo cargos estratégicos nas organizações, além de atuar como administradora do lar e educadora dos seus filhos. O constante crescimento da participação da mulher em altos cargos na empresas pode ser verificado por pesquisas como a realizada pelo Catho Associados (2005), que mostra que as mulheres já superam os resultados obtidos pelos homens no mundo dos negócios. Uma das principais características apresentadas pelas mulheres é que possuem mais habilidade de lidar com estruturas não hierárquicas, enquanto que os homens operam melhor com estruturas hierárquicas. Isso ocorre devido à própria natureza da mulher, a qual ao longo dos anos vem se adaptando a diferentes situações, nos diferentes papéis que desempenha na sociedade.

A pesquisa Perfil Social da Mulher no Mercado de Trabalho,da Revista Exame (p.14), relata ainda que embora ocorra o avanço feminino nas empresas, elas estão menos satisfeitas do que seus colegas do sexo masculino (Gráfico 1 e 2). Isto ocorre devido elas sentirem-se mais injustiçadas nas promoções e indicam estar menos contentes com seus salários do que os homens que ocupam as mesmas posições de trabalho. (Revista Exame ed. 868, p.14).

Gráfico 01 e 02: (Perfil Social Racial e de Gênero das 500 Maiores empresas do Brasil e suas Ações Afirmativas.)
Fonte: Instituto Ethos (2005).

Buscando explicar o porquê desta insatisfação por parte das mulheres, Morales (2006), relata: "Não acredito que existam políticas discriminatórias e que os salários sejam baixos por causa disso. O que pode explicar essa diferença é o fato das mulheres terem entrado tardiamente no mercado de trabalho e ocuparem minoria de cargos de chefia".

Já para Bini (2006), presidente da Herbalife, o ambiente de trabalho ainda não contempla todas as necessidades da mulher. Entre as prováveis mudanças, ele cita as jornadas flexíveis, a possibilidade de trabalhar a distância e a oferta de benefícios como creches para os seus filhos. Observa ainda (p.21): "A maior pressão sentida atualmente pela mulher não é a de provar sua competência, mas sim o desejo de conciliar o trabalho com a família".

Esse descontentamento por parte das mulheres pode estar ocorrendo pelo fato delas viverem numa sociedade em que o sexo masculino ainda não aprendeu a dar o valor necessário e merecido para as mulheres, que estão cada vez mais procurando conquistar o seu espaço e ter o seu talento reconhecido.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Atualmente, o perfil das mulheres é muito diferente do apresentado no começo do século. Além de trabalhar e ocupar cargos de responsabilidade assim como os homens, ela ainda realiza as tarefas tradicionais, como a de ser mãe, esposa e dona de casa. Trabalhar fora de casa é uma conquista relativamente recente para as mulheres. Ganhar seu próprio dinheiro, ser independente e ainda ter sua competência reconhecida é motivo de orgulho para todas.

Porém, observa-se que elas já provaram que além de ótimas "donas de casa", podem também ser boas motoristas, mecânicas, engenheiras, advogadas. Já está mais do que provado que as mulheres são perfeitamente capazes de cuidar de si, de conquistar aquilo que desejam e de provocar mudanças profundas no decorrer da história da humanidade.

REFERÊNCIAS

ARAUJO, Luis César G. de. As mulheres no controle do mundo – elas têm influência em todas as esferas, da política à comunicação. Forbes Brasil, São Paulo, set. 2004.
LUCA, T. Industria e Trabalho na História do Brasil. São Paulo. Contexto, 2001.
FILHO, Corrêa dos Santos.Mulheres que Fizeram História, Disponível em:
http://www.firjansaude.com.br:8008.nsf/paginas/mulheres- Publicação Abrealas, da Rede de Desenvolvimento Humano, acessado em 03 abril 2007.
BRAUN Lara, Borgonovi Eduardo – "Marias – A Jornada Heróica de 50 Mulheres que fizeram História".São Paulo, 2005.
PESSOA, Ana Claudia.O Perfil da Mulher Executiva, Revista Exame, edição 868, 2006.
SHIINYASHIKI, Roberto. A Mulher e o Mercado de Trabalho. Disponível em:
RAPOSO, Almeida Daniela. Mercado de Trabalho. Disponível em:http:www.face.ufmg.Br. Acessado em: 14 abril 2007.

Fonte: http://www.webartigos.com/articles/5115/1/A-Evolucao-Da-Mulher-No-Mercado-De-Trabalho/pagina1.html.