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quarta-feira, 21 de novembro de 2012



10 usos surpreendentes para o som

Vivemos cercados de sons, cada um com um efeito específico: uma música ao estilo “Eye of the Tiger” pode te dar motivação para fazer exercícios, enquanto o som insistente de uma campainha de telefone pode causar irritação; uma risada pode te fazer rir, e um barulho de origem desconhecida pode te assustar  Fugindo um pouco do dia-a-dia, porém, listamos a seguir 10 maneiras curiosas de usar sons.

10 – COMBATER UM TUMORVivemos cercados de sons, cada um com um efeito específico: uma música ao estilo “Eye of the Tiger” pode te dar motivação para fazer exercícios, enquanto o som insistente de uma campainha de telefone pode causar irritação; uma risada pode te fazer rir, e um barulho de origem desconhecida pode te assutar. Fugindo um pouco do dia-a-dia, porém, listamos a seguir 10 maneiras curiosas de usar sons.
Por meio de Ultrassom Focado de Alta Intensidade, pesquisadores do hospital Princess Grace em Londres (Inglaterra) conseguiram destruir células de câncer de próstata em pacientes – as ondas sonoras aqueciam e matavam as células do tumor. A técnica foi usada em 159 homens diagnosticados com esse tipo de câncer e, após um ano, apenas 13 tiveram tumor recorrente (o procedimento levou cerca de 5 horas). Apesar dos resultados animadores, a técnica ainda deve passar por mais testes.
9 – FERVER ÁGUA
Fogo? Micro-ondas? Nada disso: Peter Davey, de 92 anos, morador de Christchurch (Nova Zelândia) usa ondas sônicas para esquentar água. Ele desenvolveu um aparelho capaz de ferver uma boa quantidade do líquido em segundos – e sem produzir vapor. Atualmente, Davey está em busca de parceiros para levar a ideia adiante.
8 – TRATAR FERIMENTOS
Existem diversas técnicas curativas que usam sons, entre elas a terapia MIST, que envolve aplicar uma solução salina sobre o ferimento e emitir ondas sonoras de baixa frequência sobre a região. O tratamento é recomendado para certos tipos de ferimentos, como úlceras de pele causadas por diabetes.
7 – PRODUZIR ALIMENTOS
A ideia de conversar com plantas para fazê-las crescer mais saudáveis foi colocada à prova em 1962 pelo cientista indiano T. C. Singh. Ao invés de conversar, porém, ele colocou música indiana para tocar perto de bálsamos (um tipo de planta, no caso), que cresceram 20% mais e tiveram 72% mais massa do que o normal. O efeito de sons no crescimento de plantas foi testado também em 2004 pela equipe do programa MythBusters, os Caçadores de Mitos, que o consideraram plausível.
6 – REVELAR GEOMETRIA NATURAL
Já ouviu falar em “cimática”? Trata-se, basicamente, do estudo de padrões físicos criados por ondas sonoras em determinados meios, como ar, água e superfícies sólidas. A área de pesquisa é antiga (entre os séculos 16 e 17, Galileu Galilei analisou padrões produzidos pela vibração de corpos), mas vem ganhando mais destaque nas últimas décadas. Espera-se que os avanços na cimática nos ajudem a compreender os efeitos que vibrações sonoras podem exercer sobre nós (e como utilizá-los de modo favorável).
5 – ESTABILIZAR ONDAS CEREBRAIS
Ao criar músicas compostas por frequências sobrepostas específicas, o pesquisador Robert Monroe permitiu que voluntários equilibrassem as oscilações neurais nos dois hemisférios de seus cérebros. Monroe foi um dos pioneiros no estudo dos efeitos do som sobre a consciência humana.
4 – CANCELAMENTO DE RUÍDO
Quem já teve o desprazer de entrar em um ambiente extremamente barulhento certamente apreciaria o sistema de cancelamento de ruído desenvolvido por John Paluska e Meyer Sound: eles gravam o barulho do recinto e o reproduzem “invertido” através de 123 autofalantes, reduzindo o incômodo causado pelo excesso de ruído.
3 – LEVITAÇÃO
Conforme se propagam, as ondas sonoras comprimem e expandem o meio (seja líquido ou gasoso). Quando duas ondas se encontram, cria-se uma interferência e, dependendo da intensidade, essa interferência é capaz de sustentar matéria (uma gota de água, por exemplo). Será que algum dia poderemos fazer uma pessoa levitar usando som?
2 – ECOLOCALIZAÇÃO
Golfinhos e morcegos emitem ondas sonoras que, quando rebatidas, são captadas e os ajudam a “visualizar” o ambiente e antever obstáculos. Atualmente, há especialistas que ensinam pessoas cegas a usar essa técnica de emitir sons e ouvir a reverberação para criar um “mapa” (como faz o super-herói Demolidor), o que pode ajudá-las a ser tornar mais independentes.
1 – ULTRASSONOGRAFIA
Seguindo um princípio similar ao da ecolocalização, aparelhos de ultrassom emitem ondas sonoras e formam uma imagem baseada na reverberação. Graças a essa tecnologia, é possível observar o desenvolvimento de um feto no útero da mãe e analisar os órgãos internos de um paciente sem precisar fazer qualquer incisão.

(FONTE: http://hypescience.com/10-usos-surpreendentes-para-o-som/ )

terça-feira, 6 de novembro de 2012

             

A ARTE DE PASSEAR


O Hábito de Caminhar Pela Natureza
Rompe os Muros Invisíveis da Rotina

Carlos Cardoso Aveline


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O texto a seguir constitui o capítulo 15
do livro “A Vida Secreta da Natureza”,
de Carlos Cardoso Aveline, terceira edição,
Editora Bodigaya, Porto Alegre, 2007,
156 pp. ( www.bodigaya.com.br )

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Navigare necesse, vivere non necesse”, diziam os antigos navegadores. E, de fato, na primeira metade do século 21 não pode haver dúvida de que navegar, ou viajar, é necessário. A ciência moderna demonstrou que viajar é viver, porque tudo o que existe flui em um eterno movimento.

O núcleo de cada átomo do universo é como um pequeno sol em torno do qual navegam elétrons em alta velocidade. Nossa galáxia é regida pela lei do movimento. A própria palavra “planeta”, que vem do grego, significa “errante” ou “viajante”. A terra já foi comparada a uma nave espacial, devido à sua viagem incessante em torno do sol. Além disso, nosso planeta gira em torno do seu próprio eixo, o que dá origem aos nossos dias e noites.

Parece pouco? O sistema solar também está em peregrinação. Ele viaja à velocidade de 960 km por minuto ou 57.600 quilômetros por hora em direção à estrela Vega, a mais brilhante da constelação de Lira. Felizmente, Vega não está parada. Ela se desloca pelo cosmo numa direção e com uma velocidade que garantem pelo menos uma coisa: ela nunca será alcançada por nós. [1]

A mudança e o movimento - tanto internos como externos - são, portanto, o estado natural de tudo o que existe. Qualquer imobilidade ou estabilidade são subjetivas e passageiras. Permanentes são a transformação e a harmonização dinâmica das coisas em todo o cosmo. A cada desarmonia, segue-se uma harmonia maior e mais completa.

Se tudo está em movimento e nada existe fora da dança do universo, não há motivo para que nós queiramos viver permanentemente fechados entre quatro paredes, como se fosse possível existir sem transformar-se. É só quando perdemos o contato com o ritmo natural da vida que o escritório, a fábrica, o apartamento ou a casa passam a funcionar como modernas prisões, ricas em recursos tecnológicos.

Segundo o filósofo Karl Gottlob Schelle, viver continuamente em atmosferas confinadas amolece o espírito das pessoas e enfraquece o seu bom senso.

“O movimento do corpo não é diretamente uma das condições da vida”, escreve Schelle, “e sua ausência não desencadeia irremediavelmente a morte ... mas ele é, no entanto, uma condição indireta. Ele é indispensável para a saúde do corpo e para o bom funcionamento do organismo.” [2]

A preservação da força vital passa pela simplicidade voluntária. Basta caminhar regularmente ao ar livre e conviver com o ambiente natural para recuperar e manter a vitalidade. A antiga arte de passear pela natureza rompe os muros invisíveis da rotina e amplia nossos horizontes pessoais.

É verdade que essa arte meditativa nem sempre precisa ser praticada a pé. A bicicleta e o cavalo são alternativas admissíveis, até certo ponto, porque permitem andar em silêncio, em baixa velocidade, em contato com o vento, percebendo a magia da natureza e participando do mistério da sua paz.

A arte de viver com sabedoria inclui a necessidade de manter o corpo físico saudável e acostumado ao movimento. Isso nos estimula a tomar duas providências. A primeira é incorporar um pouco de trabalho físico à nossa rotina diária. A segunda é adotar o hábito de meditar caminhando. Passear e contemplar a unidade da vida são duas atividades que podem ser feitas ao mesmo tempo. Quando caminhamos pela natureza com o espírito livre de preocupações, nosso sistema nervoso relaxa, o sangue circula com mais força e vitalidade, o cérebro e o coração têm sua vida renovada. Em todo o organismo, a vitalidade flui melhor. Enquanto isso, podemos contemplar o processo da vida ao nosso redor e perceber mais claramente a nossa identidade profunda com os outros seres.

Outra questão é saber o que o caminhante carrega consigo durante o passeio. Afinal, cada espírito humano possui uma espécie de bagageiro. Ali vão inúmeras lembranças, idéias, crenças, projetos, e alguns princípios éticos. Nem sempre carregamos bagagens agradáveis em nosso espírito. Há também feridas e cicatrizes da alma guardadas ali. Uma coisa é certa, porém. O bom passeador não aceita angústias e ansiedades como parte da sua bagagem. Enquanto pedala ou caminha, ele esquece as atividades de curto prazo e expande sua consciência. As preocupações vão desaparecendo junto com as outras formas de apego emocional. Esse processo de relaxamento é ajudado pelas reações bioquímicas que o exercício físico moderado causa naturalmente no corpo humano. O espírito do caminhante se eleva até que um dia ele passa a perceber em todas as coisas o princípio universal do equilíbrio e da harmonia.

É com esse estado de espírito vasto e sereno que devemos caminhar. Aquele que possui uma mente aberta e um coração puro sabe escutar melhor o som do vento nas folhas das árvores. O aprendiz da sabedoria ouve o cântico dos pássaros e aprecia o nascer do sol sem pressa ou apego. Com a mesma tranqüilidade que tem ao observar o vôo de um pássaro no céu, ele vê as ondas de pensamentos e sentimentos no espaço interior da sua própria consciência.

Na verdade, não há uma separação entre o mundo interno e o mundo externo. De um lado, as nossas emoções são influenciadas pelo que está fora de nós. E de outro, sempre julgamos o mundo externo a partir daquilo que carregamos em nossa própria mente e nosso coração.

Há milhares de anos, diferentes tradições religiosas usam longas peregrinações por terras desconhecidas como meio e método para a libertação dos apegos interiores. É preciso abrir mão tanto dos objetos externos como dos conteúdos internos, para conhecer a liberdade espiritual. O budismo, o hinduísmo e o cristianismo têm disciplinas espirituais que incluem o abandono da vida “normal” - feita de hábitos e compromissos - para viajar pelo mundo durante um período indefinido de tempo.

As caminhadas curtas também são parte daquilo que, não por acaso, passou a ser chamado de “caminho interior”. O ato de caminhar era um item básico da vida cotidiana e da disciplina espiritual nas escolas de filosofia do mundo antigo.

Para o cidadão moderno, os passeios a pé, de trinta ou quarenta minutos diários, são exercícios eficientes de meditação e higiene mental. Alguns alegam que não têm tempo para isso. O argumento é compreensível. O hábito de caminhar exige que se abra mão da rigidez e da imobilidade. É necessário renunciar à rotina da pressa emocional para olhar o mundo de outros pontos de vista, enquanto mantemos o corpo em movimento e observamos o fluxo de nossos sentimentos e pensamentos.

A prática do desapego está de tal forma associada à arte de passear que, para o escritor chinês Lin Yutang, “o verdadeiro viajante é sempre um vagabundo, com as alegrias, as tentações e o sentido de aventura que tem o vagabundo. Viajar é andar à toa, ou não é viajar”. Segundo Yutang, “a essência da viagem é não ter deveres nem horas marcadas”. É recomendável esquecer os assuntos pessoais.

Ele acrescenta:

“O bom viajante é o que não sabe aonde vai, e o viajante perfeito é o que não sabe de onde vem. Nem sabe seu nome e sobrenome. (...) É provável que esse viajante não tenha um único amigo em terra estranha, mas, como disse uma monja chinesa, ‘não estimar a ninguém em particular é estimar a humanidade em geral’. Não ter um amigo particular é ter a todos por amigos. Esse viajante, que ama a humanidade em geral, mistura-se com ela e vagueia, observando o encanto das gentes e de seus costumes.” [3]

Defensor da espontaneidade, autor de obras marcadas pelo espírito taoísta, Yutang afirma que o equipamento mais necessário para quem passeia “é um talento especial no peito e uma visão especial debaixo das sobrancelhas”. Ele prossegue:

“O que interessa é saber se o viajante tem coração para sentir e olhos para ver. Se não os tem, suas excursões à montanha são pura perda de tempo e de dinheiro; em compensação, se os tem, poderá conseguir a maior alegria das viagens sem ir sequer às montanhas, mas permanecendo em sua casa e olhando os arredores, e percorrendo os campos para contemplar uma nuvem fugitiva, ou um cachorro, ou uma cerca, ou uma árvore solitária.” [4]

Em meio à natureza, o caminhante renova a sua vitalidade física enquanto medita. Se meditar é expandir a consciência em direção ao que é imenso, sagrado e muito maior que ela própria, então é possível haver meditações inconscientes e involuntárias. E é isso que ocorre quando caminhamos. O convívio com plantas e animais nos ensina que a inteligência universal está por toda parte. Há uma inteligência nas orquídeas. Os pássaros têm sua linguagem. O vento sugere coisas. As árvores são seres evoluídos. Para o escritor Maurice Maeterlinck, cada planta que encontramos pelo caminho é um ser dotado de inteligência:

“Não é somente na semente ou na flor, mas em toda a planta, caule, folhas e raízes, que se descobre, se quisermos inclinar-nos por um instante sobre seu humilde trabalho, numerosos sinais de uma inteligência perspicaz. Lembre-se dos magníficos esforços em direção à luz feitos por galhos contrariados, ou a luta criativa e valente das árvores em perigo.”

E Maeterlinck narra o drama de uma grande árvore situada à beira de um precipício, cuja pedra de apoio caíra, mas que se sustentava miraculosamente lançando novas raízes ao solo para evitar o pior. Espetáculos como esse são relativamente comuns nas margens dos rios atacados de erosão. [5]

Depois de discutir a questão da inteligência dos vegetais e dos insetos, Maeterlinck aborda em poucas palavras um tema central da filosofia esotérica:

“Mas que pouca importância tem, no fundo, a questão da inteligência pessoal das flores, dos insetos ou dos pássaros! Que se diga, a propósito da orquídea como da abelha, que é a Natureza e não a planta ou a mosca que calcula, combina, adorna, inventa e raciocina. Que interesse pode ter para nós essa distinção?”

Na verdade - acrescenta Maeterlinck - também os conhecimentos humanos fazem parte da natureza. Nossas pequenas inteligências pessoais são parcelas de um conjunto maior: “Todos os nossos motivos arquitetônicos e musicais, todas nossas harmonias de cor e de luz, etc., são tomadas diretamente da Natureza”. [6]

Sabendo disso, o bom passeador caminha ou pedala em harmonia com o cosmo, tanto na avenida de uma grande cidade como na beira do mar ou na trilha de um bosque. Ele percebe a unidade da vida e se reconhece como um pequeno ser participante da grande inteligência universal. Por esse motivo, o caminhante sente que nada tem a temer do passado, do presente ou do futuro. Ele vê que, no fundo, a paz comanda a vida - não só aqui e agora, mas também em todas as partes, e sempre.


NOTAS:

[1] “O Livro de Ouro do Universo”, de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, Ediouro, 2001, 509 pp., ver p.136.

[2] “A Arte de Passear”, de Karl Gottlob Schelle, Ed. Martins Fontes, SP, 2001, pp. 16-17.

[3] “A Importância de Viver”, de Lin Yutang, Ed. Globo, Porto Alegre, quarta edição, 1959, tradução de Mário Quintana, 360 pp., ver p. 267.

[4] “A Importância de Viver”, obra citada, p. 269.

[5] “La Inteligencia de las Flores”, de Maurice Maeterlinck, Ediciones Nuevo Siglo, Buenos Aires, 1997, 126 pp., ver pp. 13-14.

[6] “La Inteligencia de las Flores”, obra citada, ver pp. 59-60.